domingo, 10 de junho de 2012

Eternidade, palavra terrível

Um dos conceitos fundamentais da fé católica, sem o qual toda a doutrina capenga e toda a vida de fé esmorece, é o de eternidade, a vida além do tempo. Palavra terrível, como canta Bach neste belíssimo coro, O Ewigkeit du Donnerwort. Infelizmente, não vem recebendo o destaque devido, nem na pregação, nem na teologia, nem na vida espiritual dos católicos.



 
 O Ewigkeit, du Donnerwort (O eternidade, tu, palavra do trovão), BWV 20, é um sagrado cantata composta por Johann Sebastian Bach . É o primeiro cantata coral do seu ciclo de cantata segundo, com base no coral por Johann Rist. Foi composta em Leipzig em 1724 para o primeiro domingo após domingo da Santíssima Trindade , que ocorreu esse ano em 11 de Junho, data da primeira apresentação da obra.
As leituras prescritas para o dia são 1 João 4:16-21 e Lucas 16:19-31. Os textos dos movimentos 1, 7 e 11 da cantata foram escritos por Johann Rist , enquanto a autoria dos movimentos restantes é desconhecida.


Segue abaixo a tradução de um folheto francês do século XIX, que convida os fiéis à meditação sobre a Eternidade segundo a doutrina:




PENSA NISTO

Homem mortal, teu corpo logo se transformará em pó, mas tens uma alma imortal e nem pensas nisso!

Estuda, medita, aprofunda esta grande palavra:

Eternidade!

Ó homem, que dirás um dia? Que será para ti esta inevitável

Eternidade?

Ah! Como é longa! Como é profunda! Como é imensa e infinita em seus bens e seus males, esta rainha de todos os séculos, esta interminável e sempre viva

Eternidade!

Para o verdadeiro cristão, ela é infinita nos seus bens.
Para o pecador, é infinita nos seus males, essa interminável 

Eternidade!

Conta tantos milhões de anos quantos são
os grãos de areia nas praias,
as folhas das árvores nas florestas,
as folhas de relva nos prados,
as gotas d'água no oceano,
as estrelas no firmamento,
Continua contando - conta mais:
Teus números nada são quando comparados à incomensurável Eternidade!

Eternidade! Eternidade!

Um dia virá em que o sol se terá extinguido, o mundo terá sido consumido, a raça humana terá acabado, os vivos e os mortos terão sido julgados; os séculos e os séculos se terão amontoado, e depois terá havido abismos de tempo desde este dia da vida, que tão rápido passa; ela só aparecerá, então, numa imensa distância, como essas estrelas quase imperceptíveis que o olho só descobre depois de muito fixar-se, como um sonho que passou...E será ainda e será sempre 

a Eternidade por mais uma Eternidade!

Pois ela durará para sempre, não acabará NUNCA! Ó SEMPRE! Ó JAMAIS! Ó ETERNIDADE!

Se for para a ETERNIDADE nos Céus, incompreensível felicidade!

Sempre a verdade e a virtude, a vida e as delícias, os bem-aventurados e os anjos.

Sempre Deus

Para contemplar, para amar, para possuir, para abençoar, SEMPRE.

E NUNCA mais lágrimas, morte, luto, gritos nem dor! NUNCA! (Apocalipse, 24-4).

Mas se for para mim a ETERNIDADE nos infernos, pavorosa desgraça!

Sempre o remorso que me rói,
Sempre o fogo que me queima,
Sempre  as lágrimas que rolam,
Sempre os dentes que rangem,
Sempre os demônios que atormentam,
Sempre a maldição de Deus!

Um raio de luz que alegra, nunca!
Um momento de repouso, nunca!
Uma gota d'água que refresque, nunca!
Um lampejo de esperança, nunca! nunca! nunca!

Ó Sempre! Ó Jamais!
Ó Eternidade!

Mortal, que tens uma alma imortal, há uma ETERNIDADE: pensas nisso?... Não. E essa ETERNIDADE
é para ti.

Se não crês nela, que importa! Se ela não existe, que arriscas na boa vida?... Mas se existir, que consequências terá teu louco erro! Ora, ela existe e estás à beira dessa ETERNIDADE; e em alguns dias não haverá mais nada
De todos esses PRAZERES que te divertem;
De todos esses NEGÓCIOS que te ocupam,
De toda essa VIDA que te engana,
Só haverá
A Eternidade!

A ETERNIDADE e as tuas OBRAS e seus FRUTOS:
Então o PRAZER do PECADOR terá passado,
Mas a PENA permanecerá.
E a PENA do JUSTO terá passado,
mas o PRAZER lhe ficará:
Portanto, ou os PRAZERES do TEMPO
com as PENAS da ETERNIDADE,
Ou as PENAS do TEMPO
com os PRAZERES da ETERNIDADE.

Escolhe...
Ó Eternidade! Ó Eternidade!
 

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