segunda-feira, 1 de setembro de 2014

"O vidro permite interpretações sobre a vida e desperta um sentimento de plenitude", comenta artista plástica

Para Vânia Guedes, os vitrais que embelezam templos religiosos criam ambiente serenos

"O vidro permite interpretações sobre a vida e desperta um sentimento de plenitude", comenta artista plástica Gilmar de Souza/Agencia RBS
Técnicos ressaltam: é mais simples começar um vitral do que fazer a manutenção de um antigoFoto: Gilmar de Souza / Agencia RBS
Pamyle Brugnago

Arquiteta e especialista em arte sacra, Danielle Maders Martins conta que o vitral é dos séculos 6 e 7 e que na França alcançou a mais alta expressão.
– Apesar de ter surgido no Oriente, foi no Ocidente que fez história na Idade Média, período em que o vidro foi incluído em projetos arquitetônicos. O ápice foi o período Gótico, cuja Catedral de Notre Dame, em Paris, é um dos expoentes – resume.
Na região, igrejas de Blumenau, Gaspar e Ilhota guardam vestígios da arquitetura gótica. Alguns templos abrigam coleções de vitrais doadas por famílias ou compradas pelas entidades religiosas com a ajuda da comunidade. São séries com diferentes cores e tamanhos que refletem imagens de personagens bíblicos, especialmente Jesus Cristo.
A artista plástica Vânia Guedes reforça que o trabalho do vitral não depende apenas do artista, mas de seu artesão, e que além de representar passagens bíblicas eles ainda são inspiradores.
– Enquanto os mosaicos de pedra criavam algo solene, quando surgiram os vitrais criaram um ambiente sereno ao garantir a passagem da luz. Acredito que o vidro permite interpretações sobre a vida e desperta um sentimento de plenitude – reforça Vânia, que já produziu peças em vitral.
Impasses da manutenção
Técnicos na área ressaltam ser mais simples começar um vitral do zero do que fazer a manutenção de um antigo. A autodidata Tânia Fusão confirma a teoria, mas confessa admirar tanto as peças novas feitas a partir do vidro cru quanto as etapas do reparo. Ela se interessou pelo assunto e decidiu se aprofundar, já tendo restaurado os vitrais da Matriz São Pio X, de Ilhota. 

Com livros comprados pela internet, especializou-se na técnica Tiffany (empregada pela primeira vez no final do século 19 pelo design Louis Comfort Tiffany) e aprendeu sozinha como fazer as peças:
– Procurei locais onde os vidros eram vendidos e fiz as primeiras peças. Elas são produzidas de maneira totalmente artesanal. Na manutenção é preciso desenhar, cortar, lixar e soldar o cobre que contorna a peça. Um pouco mais trabalhoso, já que não é uma peça que começa do zero. É preciso desmontar, moldar e recomeçar o trabalho. É complicado encontrar as mesmas texturas e cores, pois são de épocas diferentes e não há como comprar peças idênticas. É preciso adaptar até chegar ao tom ideal – conclui.

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