domingo, 4 de outubro de 2015

Sobre Paramentos esplêndidos

Vamos pensar um pouco...
"Infelizmente, o pietismo que se infiltrou na nossa consciência e nosso culto enganou-nos para a ideia errada de que a riqueza em paramentos e na decoração de igrejas é uma coisa ruim. Apenas uma observação simples mostra como alheia à tradição ortodoxa essa ideia é: as vestes mais ricas e esplêndidas em nossa Igreja encontram-se em nossos mosteiros e, particularmente, sobre a Montanha Sagrada [Monte Atos], o centro monástico de referência e mais importante para a Ortodoxia.

Por que, então, o monge ortodoxo genuíno - que de acordo com os ditos dos Santos Padres deve usar um Rasson [batina] esfarrapado e de tal má qualidade que ele pudesse pendurá-lo do lado de fora de sua cela na certeza de que ninguém iria ser tentado a roubar - por que durante a liturgia, este mesmo homem, como celebrante, veste os paramentos mais esplêndidos, ainda sem estar escandalizado ou escandalizar ninguém?
Muito simplesmente, porque o caráter escatológico da Eucaristia permanece vivo em sua consciência: na Eucaristia, nós nos movemos no espaço do tempo que está por vir, do Reino. Experimentamos 'o dia sem fim, que não conhece tarde nem manhã, o século imorredouro que não poderá envelhecer', nas palavras de São Basílio.
Temos todas as possibilidades para a prática de nossa humildade fora da Liturgia. Não temos o direito de transformar a Eucaristia em uma oportunidade de mostrar a nossa humildade, ou um meio de experiências psicológicas de escrúpulo. Além disso, "Aquele que oferece e aquele que é oferecido", o real celebrante, é Cristo, e de fato o Cristo ressuscitado como Ele virá em Sua glória no último dia. Aqueles que celebram a liturgia nada mais são do que ícones deste Cristo escatológico. E, claro, 'A honra prestada ao ícone passa para o protótipo'."
Metropolita João (Zizioulas) de Pérgamo.

Compartilhado da Página de Dom Henrique Soares da Costa


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