quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Fragmentos: coleções de Rafael Schunk e Museu de Arte Sacra de São Paulo


Fragmentos: coleções de Rafael Schunk e

Duração:
17 setembro 2016 - 20 novembro 2016


Museu de Arte Sacra expõe coleção de fragmentos sacros históricos
Do barroco à contemporaneidade, pedaços de demolição e objetos de duas coleções revelam
a arte e a arquitetura de igrejas destruídas ao longo de anos


A exposição Fragmentos: coleções de Rafael Schunk e Museu de Arte Sacra de São Paulo reúne na sede do MAS/SP, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, fragmentos oriundos de demolições de catedrais, igrejas e capelas brasileiras. São objetos valiosos, pedaços de desmanche das construções, pinturas, obras de arte e santos feitos por mestres santeiros reconhecidos. Com curadoria de Percival Tirapeli, a mostra fica em cartaz de 17 de setembro a 20 de novembro de 2016.

No início do século modernista, os registros demonstram que a demolição das igrejas coloniais no centro antigo de São Paulo era quase uma rotina, assim como no interior e em estados como Bahia e Rio de Janeiro. Foram demolidas a Sé, igrejas do Pátio do Colégio, São Pedro dos Clérigos, Misericórdia, além dos conventos Carmelita, Beneditino de Santa Teresa e dos Remédios.

Constituída a partir do final dos anos 1990, a Coleção de Arte Sacra de Rafael Schunk enfatiza produções artísticas do período bandeirista a partir do século XVII, desde o surgimento da arte barroca brasileira até suas ramificações na cultura caipira, com permanência de arcaísmos até a modernidade. São, na maioria, fragmentos oriundos de catedrais do interior de São Paulo, como da antiga catedral de Taubaté, de Pindamonhangaba, da Basílica Velha de Aparecida, de Queluz e de Bananal. Um dos destaques é o conjunto de 60 azulejos da Osirarte, oficina que desenvolveu trabalhos para inúmeros edifícios públicos, a exemplo do MEC-Rio e representou a tradição da azulejaria brasileira desenvolvida no período moderno. Os azulejos das coleções do MAS/SP e de Schunk, apresentam esta importante técnica, tão apreciada pelos portugueses.

Outro destaque são as esculturas em terracota de pequenas dimensões de frei Agostinho de Jesus (1600/ 1661) e os denominados santos paulistinhas. O acervo de Schunk conserva obras de grandes artistas nacionais do período colonial e imperial, tais como frei Agostinho de Jesus, Mestre de Itu, Mestre do Cabelinho em Xadrez, Mestre Valentim da Fonseca e Silva, José Joaquim da Veiga Valle, Dito Pituba, Dito Luzia e santeiros populares do Vale do Paraíba. Soma-se a esta rica diversidade um conjunto de tocheiros, mísulas, oratórios e palmas de altar originários do Vale do Paraíba e Tietê. As obras, de culto coletivo e doméstico, representam a diversidade da arte sacra produzida em terras de bandeirantes, índios e jesuítas. Algumas pinturas de tradição cusquenha enfatizam a ligação e intercâmbio de São Paulo com os castelhanos da América Espanhola.

“A presença e reconhecimento de um fragmento advém da nossa maneira cultural de reverenciar o passado e nele encontrar um elo perdido dentro da História, e também nos ajuda a compreender a importância de ruínas”, explica o curador da mostra, Percival Tirapeli.

Em 1943, uma obra prima do Mestre Valentim, a igreja de São Pedro do Clérigos, no Rio de Janeiro, foi destruída para a abertura da avenida Presidente Vargas. As partes oriundas daquele desmanche são pontos de partidas para a reflexão sobre os fragmentos presentes tanto em coleções particulares como nos acervos de museus. Na coleção de Schunk estão a cabeceira de cama e dois anjos. No MAS/SP, ficaram os dois anjos voantes, a Verônica e o entalhe do rosto de Cristo.

“O diálogo entre os fragmentos de ambas as coleções proporciona um olhar mais agudo sobre as partes de ornamentos que, desmembrados de sua totalidade, geram novas investigações sobre a técnica, o estilo, o douramento, constituindo assim um documento que é parte integrante de nosso patrimônio sacro”, diz Percival Tirapeli.

Exposição: Fragmentos: coleções de Rafael Schunk e Museu de Arte Sacra de São Paulo
Curadoria: Percival Tirapeli
Número de obras: 300
Abertura:17 de setembro, sábado, às 11h (às 13h, palestra seguida de bate-papo com o curador Percival Tirapeli sobre a exposição)
Período: 18 de setembro a 20 de novembro de 2016
Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo
Endereço: Avenida Tiradentes, 676 – Luz, São Paulo | Metrô Tiradentes
Tel.: (11) 3326.3336 – agendamento de visitas monitoradas
Horário: Terça a domingo, das 9h às 17h
Ingresso: R$ 6,00 (estudantes pagam meia entrada); Grátis aos sábados. Isentos: idosos acima de 60 anos, crianças até 7 anos, professores da rede pública (com identificação) e até 4 acompanhantes

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Rafael Schunk: Mestre em Artes Visuais formado pela UNESP, graduado em Arquitetura e Urbanismo, pesquisador, historiador, técnico em seguros de obras de arte, crítico, expógrafo, curador e artista plástico. Principais projetos culturais e participações em exposições: catálogo de Arte Colonial e Imperial da Cidade de Santana de Parnaíba-SP, 2015; revitalização do Museu Anhanguera – parceria IPHAN e Secretaria da Cultura de Santana de Parnaíba-SP, 2014; Aparecida, A Virgem Mãe do Brasil. In: Museu Afro Brasil, 2012/13; Arte e Cultura no Vale do Paraíba. In: Palácio Boa Vista, Campos do Jordão-SP, 2011/12; Oratórios Barrocos – Arte e Devoção na Coleção Casagrande. In: Museu de Arte Sacra de São Paulo-SP, 2011; Fragmentos do Barroco Paulista. In: Galeria do Instituto de Artes da UNESP-SP, 2010; Olhares Sobre Parnaíba, Suas Memórias e Seus Artistas. In: Centro de Memória e Integração Cultural. Santana de Parnaíba-SP, 2004.

Percival Tirapeli: professor titular de História da Arte Brasileira na Universidade Estadual Paulista, Instituto de Artes. Mestre e doutor em Artes Visuais pela ECA-USP, realizou pós doutorado na Universidade Nova de Lisboa. É autor de Arquitetura e Urbanismo no Vale do Paraíba, Editoras SESC/UNESP (2014). Entre os livros publicados estão os editados pela Imprensa Oficial e Unesp: Arte e Etnias (2007) e Igrejas Paulistas: barroco e rococó (2003) com a qual ganhou o prêmio Sérgio Milliet como melhor pesquisa nacional em artes, outorgado pela ABCA. Foi curador de exposições como Gênese da Fé no Novo Mundo, no Palácio dos Bandeirantes por ocasião da visita do papa Bento XVI (2007), Oratórios Barrocos na Coleção Casagrande e Vestes Sagradas (ambos 2011), e editor dos respectivos catálogos para o Museu de Arte Sacra de São Paulo. Em 2016 recebeu prêmio de destaque pela obra publicada e artística, outorgado pelos críticos da ABCA.

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