terça-feira, 15 de novembro de 2016

Arte Sacra: Património português considerado «exemplo para a Europa»

DR
Presidente da Associação Internacional dos Museus e Tesouros da Igreja Católica está em Portugal

O presidente da Thesauri – Associação Internacional dos Museus e Tesouros da Igreja Católica, diz que “Portugal é um exemplo para a Europa, na conservação e valorização do património religioso”.

Bernard Berthod está no nosso país, por ocasião de um congresso do seu organismo que teve início hoje em Beja, e enalteceu o património nacional, considerando-o “extremamente valioso e essencial para o entendimento da história da religião católica e de uma Europa que foi construída, em grande parte, em torno da fé católica”.

O evento promovido pela Associação ‘Thesauri’, que trouxe até ao Alentejo alguns dos maiores especialistas no setor da Arte Sacra, tem como tema “A Materialidade do Imaterial: Olhares sobre os Lugares e os Objetos Devocionais”.

Segundo o responsável por esta organização, esta temática tem por base uma “preocupação que todos os conservadores de museus têm bem presente”, que é a de como falar às pessoas sobre o sagrado “num mundo cada vez mais secularizado”.

“Grande parte das nossas comunidades já não compreende o significado destes objetos, pois é a prática religiosa que lhes empresta valor. É dizer que a fé, a presença de Cristo na liturgia não é visível, mas existem meios que a tornam visível, e esses meios são as obras de arte. É preciso trabalhar para fazer valer esta dimensão espiritual da arte”, salientou.

Além da preocupação com a mensagem, com o modo de transmitir a arte sacra, o património religioso às pessoas, os agentes do setor destacam também a importância de “proteger esses objetos”.

“Há certamente a dificuldade de preservar estes objetos, de lutar também contra o furto de peças, que acontece em todos os países da Europa e do mundo”, frisou Bernard Berthod, para quem é essencial “sensibilizar o poder político” nesta matéria.

“Temos de trabalhar neste sentido, em parceria com as forças públicas, mostrar a nossa presença e boa vontade, e que os bispos, os arcebispos, as conferências episcopais se interessem pelo seu património”, completou o atual diretor do Museu de Arte Religiosa de Fourvière, em Lyon, França.

A associação ‘Thesauri’, fundada há 10 anos, reúne atualmente representantes de nações como Portugal, Espanha, França, Itália, Inglaterra, Suíça, Áustria, Alemanha, Holanda, Bélgica e Luxemburgo.

Tem como principal riqueza, referiu Bernard Berthod, a “troca de experiências” que ajudam cada participante a “crescer” na sua realidade, a “interrogar-se” acerca do seu contexto.

O congresso deste ano é como que um ‘regresso às origens’, uma vez que o encontro inicial da Thesauri teve precisamente lugar em Beja.

Para o diretor do Departamento do Património Histórico e Artístico (DPHA) da Diocese de Beja, é uma honra voltar a acolher este “fórum europeu por excelência”.

“Para nós o património é cada vez mais uma garantia de desenvolvimento. Se olharmos para os números e pensarmos que é sobretudo no campo do património cultural, religioso, natural, que o turismo tem vindo a crescer, compreendemos a necessidade de cada vez mais estarmos infraestruturados e preparados para acolher o grande número de visitantes que nos procura”, frisou José António Falcão.

A organização do congresso da Associação ‘Thesauri’, que começou hoje na igreja de Nossa Senhora ao Pé da Cruz, conta com o apoio do DPHA da Diocese de Beja, da autarquia local e do Centro UNESCO para a Arquitetura e a Arte Religiosa.

Um evento que traz a Portugal especialistas em Arte Sacra como Georges Kazan, da Escola de Arqueologia da Universidade de Oxford; Hermann Reidel, da Associação de Museus de Língua Alemã; Manuel Gracia Rivas, da Real Academia de la Historia, de Madrid; e Gäel Favier, da École Pratique des Hautes Études (Sorbona), de Paris.

JCP

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